quinta-feira, 23 de abril de 2009

Questões de trânsito: Q001

É impressão minha, ou tratam-nos por parvos quase todos os dias?

Parece que é assim porque tem mesmo de ser.

As situações são imensas, mas por agora refiro-me em particular àquela em que vamos numa via rápida e de repente começam a surgir sinais de que vai diminuir o número de faixas.

Depois, no asfalto, vemos setas a informar que temos que começar a passar para a faixa do lado, caso não estejamos desde logo nela.

Já muitos devem ter passado por situações idênticas. Os mais (como direi?) civilizados, obedecem aos sinais e colocam-se na respectiva faixa.

Passado um bocado, devido ao natural engarrafamento causado pelo abrandamento provocado pela supressão de uma das faixas, o comprimento de carros em fila chega à larga centena de metros.

Depois, continua a aumentar.

É precisamente nessa altura, que começamos a ver carros a passar por nós, como se o engarrafamento fosse apenas nosso.

Ou seja, uns vão pacientemente, devagarinho, continuando a sua marcha, enquanto os outros vão passando por esses, cheios de pressa e sem tempo a perder.

Claro que, quantos mais lhes passarem à frente, mais eles, os pacientes, demoram a chegar ao fim da fila, o ponto em que desengarrafa.

Mas, não podemos ser mauzinhos, temos e devemos acreditar que, das duas uma:

Aqueles tipos estão todos cheios de pressa porque têm assuntos urgentíssimos e inadiáveis e para os quais são imprescindíveis; ou, são uns valentes malandrecos, mas o que é que se pode fazer, o mundo é mesmo assim, e temos que ter paciência e dar tempo ao tempo…

Bom, na verdade existe ainda uma terceira hipótese: A maioria não o faz mas espera um dia vir a fazê-lo.

E aqueles dias, em que a fila chega a ter vários minutos, não é incrível que a faixa que melhor escoa seja precisamente a maldita da mesma, a tal que manda desviar?

O que não podemos deixar de lamentar é alguma falta de justiça. Na verdade seria mais justo se todos fizessem o mesmo. Nesse caso, o mais sensato seria enfiar-nos todos por onde pudéssemos, como se tentássemos entrar todos ao mesmo tempo pela porta da casota.

Pelo menos uma vez na vida, criava-se um caos tão grande, daqueles que não havia volta a dar e que parecia nunca mais ter fim, de tal modo que nos fizesse sentir estupidamente felizes por estarmos ali todos embrulhados uns nos outros.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Mundo ganha com o Princípio de Pareto?

Cada vez mais se assiste a uma pequena percentagem da população mundial ter tanto (ou mais) que uma percentagem esmagadoramente maior.

Há homens que têm mais poder de compra que milhões de homens juntos. Se pusermos de um lado numa linha imaginária o homem mais rico, quantos homens, se começarmos pelo mais pobre, conseguimos por do outro lado?

Começamos pelo mais pobre de todo o mundo, e depois o segundo mais pobre, depois o terceiro, e continuamos por aí fora. Até quando? Até onde acham que conseguimos chegar?

Um homem rico pode valer quantos homens pobres?

Um humano pode valer quantos humanos?

Se me respondem com o argumento da importância de recompensar o esforço e o mérito, pergunto: como é que tantas pessoas com profissões tão importantes para a sociedade (são tantas que me escuso a citar exemplos), são tão menos remuneradas que algumas outras?

Há “gestores de topo” que ganham milhares de contos por mês. Compare-se essas remunerações com, por exemplo, a remuneração de várias profissões fundamentais.

Provavelmente, um deles não consegue numa vida inteira de trabalho, 45 anos de trabalho, ganhar tanta quanto o outro ganha num mês? Numa hora?

A sociedade fica a ganhar? O país fica a ganhar? Fica o mundo? Quem fica?

Parece razoável o princípio do salário mínimo. Faz sentido garantir um salário mínimo para todos os que trabalham, que lhes garanta um mínimo da qualidade de vida; mas não limitar o empenho, o esforço, o mérito e a inspiração. Concordo, mas se o bolo for limitado, corremos o risco de, se a fatia para os prodigiosos for demasiado grande, não conseguirmos assegurar o mínimo para os menos, como direi, produtivos?

Mas mesmo que sejam, comparativamente menos produtivos, são profissões que fazem falta, e não estou a considerar, porque não os defendo, preguiçosos e oportunistas.

 Neste país, o salário mínimo não garante uma vida digna. Não acredito, e estou muito firme nesta convicção, que alguém da nossa elite conseguisse viver com o ordenado mínimo. Na melhor das hipóteses, alguns conseguiriam sobreviver. A maioria tornar-se ia (psicológica/psiquiatricamente) demasiado dependente.

No entanto, é mais fácil combater aumentos ridículos do ordenado mínimo do que por termo a salários escandalosamente e egoistamente elevados.

Não estranho tanto o egoísmo quanto a falta de visão. É óbvio que mesmo que alguns ganhem bastante mais, tem que haver alguma razoabilidade e sentido de justiça. O sistema símio do macaco dominante ficar com tudo e o restante do grupo ter que contentar-se com os restos, tem que ter necessariamente os dias contados, sob pena de não evoluirmos.

Introdução

Sem dúvida, podemos encontrar muita informação e de grande qualidade. Pode ser em forma de documentário, entrevista, filme, artigo de opinião, discussão, livro, etc.

Ver na televisão, ouvir na rádio, consultar na internet, ler numa publicação, num livro, ou até surgir numa conversa ocasional.

São muitas as fontes de informação. E mesmo quando se trata de informação de qualidade, sem querer abordar o que é informação de qualidade, mesmo que assim seja considerada por quem a recebe, mesmo essa, existe, na minha opinião, em grande quantidade.

Com isto pretendo dizer, que podemos receber, talvez até sorver, grandes quantidades de boa informação.

Mas mesmo assim parece que ficam tantas questões por responder. Seria muito positivo ver debater, com honesta intelectualidade e de forma desinteressada, tantas questões que pela sua enorme importância, custa a entender porque ficam tão esquecidas?

Não creio que o que quer que seja surja assim de repente. Tudo teve uma origem e uma evolução que nos conduziu até aqui. Por isso, não acredito que nada tenha que ser só porque sim.

Nem que fosse pelo gozo, desafio, ou pelo interesse de trocar opiniões, mas se certas questões fossem debatidas, perspectivadas, analisadas, questionadas por muitos, talvez apenas isso nos conduzisse a algo mais satisfatório.

Acredito que o mundo podia ser um local maravilhoso para se viver, mas não só para alguns.

Por isso, devemos começar por fazer mais perguntas, e acabar por exigir mais e melhores respostas.